quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Livro: Metapoesia em Age de Carvalho: de Arquitetura dos ossos a Caveira 41

Editora: PAKA-TATU
Livro: Metapoesia em Age de Carvalho: de Arquitetura dos ossos a Caveira 41 
Autora: Agleice Marques Gama 

Crítica I
Na poesia de Age de Carvalho, Agleice estudou a metapoesia: poética ou fragmento(s) de poética no poema – ou até o poema-poética. O Romantismo era descaradamente narcísico: o eu lírico, objeto mais ou menos explícito do poema, era o poeta ou algum avatar do poeta – e nessa cena o leitor era o espectador convidado à adoração muda; o processo moderno é mais enxuto: foi-se Narciso, resta o poema, falando por si só, elaborando-se sem dono, marteau sans maître – e o leitor voyeur ainda está aí, do outro lado da página, escrutando a escura transparência das palavras. O impudor desencarnou-se, intelectualizou-se, mas permanece. Num sutil jogo erótico, o poema absconso exibe seu enigma e, interrogação nua (pois, como bem viu Agleice, essa poesia dispensa os véus do período, o drapeado da frase, poesia magra, sem gordura adjetival, óssea), provoca o decifrador e lhe diz: “despe minha nudez, se puder”. (...) O metapoema consiste em um poema objeto do poema, do mesmo modo que a função poética focaliza a própria mensagem, que, em um poema, é o poema mesmo. (Christophe Golder - Prof. Dr. da Universidade Federal do Pará) 

Crítica II
Para Roland Barthes, a crítica “é uma atividade de decifração do texto”. E, no livro Metapoesia em Age de Carvalho: de Arquitetura dos ossos a Caveira 41, Agleice Marques Gama faz isso com maestria, apresentando-nos um percurso coerente que nos conduz a um passeio pelas noções gerais sobre a lírica moderna, porém sem perder de foco seu objeto central de estudo: a metapoesia em poemas de Carvalho. A autora, dentre outros aspectos, comprova que a poesia trata da poesia, na exploração de outras vozes presentes no poeta: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Paul Celan, Georg Trakl e Max Martins, a quem Carvalho considera seu mestre. A palavra em Carvalho age como a água, em permanente profusão de sentidos [na qual Agleice mergulhou], assim como esse poeta age em AGleicE, man & woman [para pensar num poema emblemático de Max Martins], em perfeita copulêtera. Boa Leitura! (Paulo Maués Corrêa – Prof. Mestre da Faculdades Integradas Ipiranga) 

O capítulo 1 de Metapoesia em Age de Carvalho: de Arquitetura dos ossos a Caveira 41 apresenta noções gerais sobre a Lírica dos Tempos Modernos, com conceituações ligadas, especificamente, à Modernidade e à Metapoesia, seguidas de uma explanação pautada na Modernidade e na Metapoesia em Age de Carvalho, Modernidade esta que não deve ser confundida com o Estilo Modernista, mas relacionada à poesia compelida a pensar em si mesma, com fragmentos poemáticos fundamentais para a compreensão temática carvalhiana, nos quais se percebe que o poeta dá fino acabamento, esclarece e, paradoxalmente, obscurece o discurso poético, muitas vezes intertextualizado interna e externamente por vozes de renome nas Literaturas Nacional e Internacional. Por conta disso, o capítulo 2 mostra a presença de vozes da Modernidade literária na metapoesia de Age de Carvalho, tais como de Georg Trakl e a sua poética enigmática, de Paul Celan e a sua economia verbal, de João Cabral de Melo Neto e a sua linguagem, de Carlos Drummond de Andrade e a sua poética e, para não citar todos, a afinidade poética com seu “mestre” Max Martins. Por fim, o capítulo 3 faz uma amostragem do repertório metapoético carvalhiano. Pedra, água e a própria palavra são palavras-chave, múltiplas em significados, que integram o léxico de Age de Carvalho e aparecem frequentemente na maioria dos seus poemas, de Arquitetura dos ossos (1980) a Caveira 41 (2003).

A AUTORA
Agleice Marques Gama possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Para (UFPA), Especialização em Língua Portuguesa e Mestrado em Letras pela mesma Universidade. Desde 2007, atua como docente em regime modular no Instituto de Desenvolvimento Educacional do Pará (IDEPA) em parceria com a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Atualmente, é professora efetiva da Secretaria Executiva de Educação do Pará (SEDUC-PA) e doutoranda em Linguística Aplicada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). agleicemarques@hotmail.com

O POETA
Age de Carvalho nasceu em Belém do Pará em 1958, formou-se em Arquitetura e reside há mais de 24 anos na Europa (Viena e Berlim), onde trabalha como Designer Gráfico. Lançou Arquitetura dos ossos (1980), A fala entre parêntesis (1982) – com o poeta Max Martins – e Arena, areia (1986) por editoras locais. Seus livros foram reunidos – os anteriores e mais Pedra-um – em 1990, pela editora Duas Cidades, sob o título de Ror. Publicou o poema Móbile: para Max e Max (1998), no livro Móbiles, em conjunto com Augusto Massi, poema este incluído em Caveira 41 (2003), livro publicado pelas editoras Cosac Naify e 7 Letras, o qual reúne os poemas escritos em dez anos, de 1991 a 2000, e difere dos anteriores pela extensão: são ao todo 77 poemas, um livro relativamente longo, do qual ele é também autor do projeto visual. Ainda em 2003, Age de Carvalho lançou a primeira antologia de seus poemas, Seleta, a qual conta com projeto gráfico e seleção feita por ele mesmo e publicação da editora paraense Paka-Tatu. Em março de 2006, em Berlim, lançou Sangue-gesang, seleção de poemas traduzidos para o alemão por Curt Meyer-Clason, com prefácio de Benedito Nunes resgatando toda a origem poemática de Age de Carvalho. Recentemente, publicou Trans (jan/2011), pelas editoras Cosac Naify e 7 Letras. Trans é totalmente dedicado ao poeta e amigo Max Martins, falecido em 2009, e inaugura uma fase de rememoração luminosa do poeta. É a clareza não ofuscada pela própria luz.

Título: Metapoesia em Age de Carvalho: de Arquitetura dos ossos a Caveira 41 
Autora: Agleice Marques Gama
Páginas: 132 ISBN: 978-85-7803-094-0
Lançamento: 11 de fevereiro de 2012
Local: BMT Livraria
Av. São Sebastião, 396
Centro Santarém – PA

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