quinta-feira, 15 de setembro de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
segunda-feira, 6 de junho de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
Camilo Castelo Branco e sua novela mais conhecida: AMOR de PERDIÇÃO
Camilo Castelo Branco nasce na Encarnação, Lisboa, no dia 16 de março de 1825, e faleceu no dia 1 de Junho de 1890 em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão. Era filho ilegítimo de Manuel Joaquim Botelho e Jacinta Maria. Passou a infância em Vila Real (Trás-os-Montes), depois da morte dos pais. Frequentou a sociedade portuense, dedicando-se ao jornalismo, e teve uma vida romanticamente agitada, desde vários casos amorosos e prisão. Sentindo-se cego, suicida-se com um tiro na cabeça na casa de São Miguel de Seide. Notabilizou-se com várias novelas, uma delas Amor de Perdição, adaptada diversas vezes ao cinema. É um dos maiores escritores portugueses do século XIX e o mais prolífico. Quase toda a sua obra ficcional se insere na corrente romântica, tendo feito algumas experiências que partilham certas características com a estética realista e naturalista, como Eusébio Macário (1879), A Corja (1880) e A Brasileira de Prazins (novela, 1883).
Principais obras: Os Pundonores Desagravados (poema satírico, 1845); O Juízo Final e O Sonho do Inferno (poema satírico, 1845); Agostinho de Ceuta (teatro, 1847); A Murraça (sátira, 1848); Maria, não me mates, que sou tua mãe (novela, 1848); O Marquês de Torres Novas (teatro, 1849); O Caleche (sátira, 1849); O Clero e o sr. Alexandre Herculano (polémica, 1850); Inspirações (poesia lírica, 1851); Anátema (novela, 1851); A Filha do Arcediago (novela, 1854); Mistérios de Lisboa (3 vols., novela, 1854); Livro Negro de Padre Dinis (2 vols., novela, 1855);Cenas Contemporâneas (1855); A Filha do Arcediago (novela, 1855); A Neta do Arcediago (novela, 1856); Onde está a felicidade? (novela, 1856); A Neta do Arcediago (1856); Um Homem de Brios (novela, 1857); Lágrimas Abençoadas (novela, 1857); Cenas da Foz (contos, 1857); Carlota Ângela (novela, 1858);O Que fazem Mulheres (novela, 1858); Vingança (novela, 1858); Doze Casamentos Felizes (contos, 1861); O Romance de um Homem Rico (novela, 1861); Amor de Perdição (novela, 1862); Memórias do Cárcere (2 vols., 1862); As Três Irmãs (1862); Coração, Cabeça e Estômago (novela, 1862); Coisas Espantosas (1862); Estrelas Funestas (novela, 1862); Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (novela, 1863); O Bem e o Mal (novela, 1863); Anos de Prosa (1863); Estrelas Propícias (novela, 1863);Memórias de Guilherme do Amaral (novela, 1863); Agulha em Palheiro (novela, 1863); Amor de Salvação (novela, 1864); A Filha do Doutor Negro (novela, 1864); Vinte Horas de Liteira (contos, 1864); O Esqueleto (novela, 1865); A Sereia (novela, 1865); A Enjeitada (novela, 1866); O Santo da Montanha (1866); A Queda dum Anjo (novela, 1866); O Judeu (2 vols. Novela histórica, 1866); O Olho de Vidro (novela histórica, 1866); A Bruxa de Monte Córdova (novela, 1867); A Doida do Candal (novela, 1867); O Retrato de Ricardina (novela, 1868); Mistérios de Fafe (novela, 1868); Os Brilhantes do Brasileiro (novela, 1869); A Mulher Fatal (novela, 1870); Livro de Consolação (1872); A Infanta Capelista (novela, 1872; alterada por pressões políticas para O Carrasco de Victor Hugo José Alves, publicada no mesmo ano); O Regicida (novela histórica, 1874); A Filha do Regicida (novela histórica, 1875); A Caveira do Mártir (novela histórica, 1875); Novelas do Minho (1875-1877); Eusébio Macário (novela, 1879); A Corja (novela, 1880); A Brasileira de Prazins (novela, 1883); etc.
Fonte: Projecto Vercial http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/camilo.htm
Camilo Castelo Branco - gravura de Francisco Pastor
Nos links a seguir, você aprofundará seus conhecimentos sobre a novela passional camiliana: Amor de Perdição (1862)
Leitura completa ou download da novela no site Virtualbooks.terra.com.br
http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/port/download/Amor_de_Perdicao.pdf
Uma pequena análise de Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco (1825-1890)
https://docs.google.com/document/d/1ReyMCImrWKITmDoUqlPxvJrRRUmQr9OVR-rO5ZFt_gY/edit?hl=pt_BR&authkey=CPqTi4UI
Boa leitura!!!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Especialista tira dúvidas de internautas sobre qualidade de educação
O especialista em educação Gustavo Ioschpe participou de um bate-papo com internautas no site do Jornal Nacional. No resumo abaixo, você confere as perguntas e respostas .
Qual é o maior problema da educação no Brasil?
Infelizmente são vários problemas. A gente pode resumir em um tripé que eu costumo usar para falar sobre a educação brasileira, que é: formação dos professores, gestão escolar e práticas de sala de aula. São os três caminhos para a mudança e são as três áreas que parecem problemáticas hoje. E o quarto item que acho que também transpareceu nesta série de reportagens é a questão do comprometimento. A gente vê que, infelizmente, certas escolas, até por estarem inseridas em zonas de dificuldade, acabam desistindo do aluno com uma rapidez muito grande. As escolas que dão certo são aquelas que têm um comprometimento até o fim com o sucesso do aprendizado do aluno.
Quantos estados não cumprem a lei que determina o piso salarial dos professores?
Na verdade, que eu saiba, são dois estados: o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que ainda questionam juridicamente a aplicação do piso. Mas eu confesso que não tenho grandes esperanças de que a aprovação e implementação do piso em todos os estados vá trazer grandes alterações no quadro da educação brasileira.
O que o público pode exigir dos governos e como fiscalizar o cumprimento destas exigências?
Eu acho que a exigência tem que ser por educação de qualidade. As pessoas confundem um pouco a educação com o ato de estar na escola. Mas só ocorre educação e escola só merece o nome de escola se seus alunos estão efetivamente aprendendo. Acho que uma métrica boa e confiável é justamente o Ideb. Não é um índice perfeito, tem problemas, mas é um índice bastante transparente. É um índice muito bom, que foca em aprendizagem e aprovação e que está disponível para todas as escolas do Brasil. Tem a consulta muito fácil no site do INEP e está reproduzido aqui no site do Jornal Nacional.
O que me parece um caminho positivo de mudança e mobilização é que todos os pais e alunos, em primeiro lugar, se informem sobre o Ideb de sua escola e, ao notar que tenha um valor baixo, eu diria que abaixo de 5, que procurem entender o porque do Ideb estar baixo. Procurem um canal de comunicação com a direção da escola, com os professores e se isso não for suficiente para gerar mudanças concretas, que levem adiante suas reclamações ao secretário municipal ou estadual de educação. Me parece bastante surpreendente que não tenha tido no Brasil, pelo que eu saiba, nenhuma mísera manifestação ou passeata exigindo melhorias da qualidade da educação. Nós temos muitos movimentos da parte dos professores pela melhoria das suas questões profissionais, mas não me recordo de ter visto uma manifestação popular pela qualidade e efetividade da educação brasileira. Acho que o primeiro passo é se familiarizar com o Ideb, cobrar da sua escola e não parar de cobrar até que o resultado mude e a situação melhore.
Quais situações das escolas chamaram mais atenção durante a produção da série?
Duas situações chamaram bastante atenção, por razões opostas. A primeira foi uma escola de Belém do Pará que tem um Ideb muito baixo e há um clima de confusão e abandono que é realmente assustador. Chega ao ponto de não só ter uma paralisação há um mês e meio das aulas terem sido retomadas após a última greve, como os alunos não serem nem notificados disso. Como se não bastasse os alunos perderem este dia de aula, muitos deles fizeram realmente o papel de bobo de ir até a escola e se defrontar com salas vazias e a ausência total de professores. E o outro caso que me chamou bastante atenção foi uma escola em Goiânia que nós visitamos na quinta-feira (19) que é um caso impressionante do poder de recuperação que uma equipe de professores e especialmente uma diretora comprometida com mudanças pode ter. Como nós falamos na reportagem, era uma escola que, quando a atual diretora assumiu o cargo, tinha apenas 67 alunos e estava em vias de ser fechada. Então, esta diretora assumiu e insistiu para que a equipe fosse trocada e que só ficassem professores comprometidos com o aprendizado do aluno. E num prazo relativamente curto, de oito anos ou até menos, essa equipe conseguiu fazer com que os alunos tivessem um índice de aprendizado compatível com o que existe hoje nos países desenvolvidos. Então uma mensagem de uma escola que traz bastante desesperança, mas por outro lado temperada pela realidade de uma escola que nos enche de esperança e orgulho. E também saber que sem precisar de recursos financeiros diferenciados, sem estar em bairro rico ou utilizar tecnologias diferentes, unicamente com a competência, talento e comprometimento da equipe pode-se gerar sim uma educação brasileira compatível com a dos países desenvolvidos.
Como aplicar melhor os recursos do Fundeb?
A minha sugestão de utilização do Fundeb é algo que eu venho chamando de implementação de uma lei da responsabilidade educacional. Seria fazer com que as verbas do fundo deixassem de ser transferidas para a as escolas de acordo com um critério de necessidade financeira e mais por um critério de melhoria daquela escola. O Fundeb é um mecanismo que tem como objetivo a recuperação de áreas de grande miséria, mas quando mantidos no longo prazo, acabam gerando um ciclo em que não há nenhum incentivo na melhoria da qualidade. Acho que precisamos inverter esta lógica e fazer com que estes recursos sejam direcionados aos gestores que estejam mostrando através de resultados concretos, que seria a melhoria no Ideb. As escolas que tivessem maiores saltos receberiam as verbas do Fundeb de forma proporcional ao salto que aquela escola deu. É uma proposta que algumas pessoas consideram um pouco radical e é um pouco diferente da cultura do pensamento da educação brasileira. Mas acho que é hora de nos darmos conta de que o pensamento que a gente nutre sobre a educação no Brasil tem gerado resultados praticamente catastróficos. Então é hora de pensar diferente.
O salário dos professores é fundamental para a qualidade da educação?
Minha área de pesquisa é a economia da educação, que não se baseia em teorias ou opiniões e sim em resultados de estudos reais, com bancos de dados de milhares de casos e estabelecendo relações através de metodologias sofisticadas de estatística e econometria. E o que estes estudos revelam e são centenas, tanto no Brasil quanto no exterior, é que o salário do professor não é uma variável estatisticamente significativa ou relevante na determinação do aprendizado dos alunos. A partir de um certo patamar de salário atingido, e acho que no Brasil já foi atingido desde a época do Fundef, mudanças salariais não tem se transformado em melhorias da qualidade da educação. Mesmo para quem não queira ler os estudos econométricos, pode reparar que desde 1995, os salários dos professores vêm em um movimento contínuo de aumento. E a qualidade da educação está basicamente estagnada. As notas do sistema de avaliação do ensino básico hoje são praticamente as mesmas ou até menores do que eram em 1995. Me parece que há uma literatura muito vasta que aponta uma série de medidas, algumas das quais gratuitas, que têm muito impacto sobre o aprendizado dos alunos, por exemplo: dever de casa, avaliação constante e acompanhamento, utilizar material didático, ter livros e biblioteca dentro da escola, ter uma aula interativa, etc. Há uma série de itens que tem muito pouco custo e resultado comprovado. Como política pública, o Brasil deveria estar mais preocupado em implantar medidas que tenhamos relativa certeza de que terão resultado e custo relativamente baixo do que continuar insistindo no caminho do aumento do salário dos professores, que até hoje não se mostrou efetivo nem na história recente da educação brasileira e nem na literatura especializada.
Quando se fala em aumento dos professores, as pessoas veem esta questão por dois lados. Um é aumentar os salários dos professores que estão na ativa hoje para que eles se sintam mais motivados e tenham resultados melhores. E a segunda é aumentar significativamente o salário dos professores para que um novo grupo de pessoas seja atraído à carreira. Pessoas mais qualificadas e que poderiam gerar este salto na educação brasileira. Quanto ao primeiro argumento, citando novamente os estudos, eles mostram que não há essa relação. E o problema de aprendizagem não é na maioria dos casos falta de motivação do professor, mas em muitos casos falta de preparo, formação adequada, sistemas de gestão que iriam conduzir a esta melhora. Já em relação a atração de novas pessoas vejo dois problemas com este raciocínio. O primeiro dizer que 2 milhões de professores, hoje na ativa não prestam e que não há nada que se possa fazer com eles para que tenham um rendimento melhor. Eu rejeito este argumento. Acho que os professores brasileiros têm bastante vontade de acertar e em vários casos estão fazendo um belo trabalho. E a partir do momento que tenham uma formação correta, o resultado vai melhorar.
É uma saída municipalizar a educação no Brasil?
Eu acredito que em termos de formato, a municipalização, principalmente das séries iniciais é o caminho correto. Mas não sou uma pessoa que acredita no formalismo da lei para mudar uma realidade social e política. Enquanto não houver comprometimento e preparo das pessoas que estão do lado de lá da sala de aula, ou seja, professores e diretores, e enquanto não existir demanda e exigência do lado de cá, dos pais e alunos, a situação vai continuar na inércia. O que fica claro é que esta falta de demanda por uma educação de qualidade faz com que haja uma acomodação muito grande das pessoas que estão do lado de lá: dos professores, diretores e especialmente das lideranças políticas. No Brasil, temos a cultura de que quando há um problema precisamos criar uma lei para resolvê-lo. Por exemplo, quando se criou a vinculação orçamentária, onde 18% do orçamento da União e 25% dos orçamentos de estados e municípios fossem gastos em educação, se imaginava que isso iria garantir para todo o sempre que não faltaria dinheiro para a educação. Mas o que acontece é que como não há uma demanda por educação de qualidade, esse dinheiro pode até estar sendo gasto em educação, mas não traz os resultados necessários. Me parece que um caminho indispensável para a melhoria é gerar a demanda por melhorias na qualidade da educação por parte do grande público
Link da matéria: http://g1.globo.com/platb/jnespecial/
Qual é o maior problema da educação no Brasil?
Infelizmente são vários problemas. A gente pode resumir em um tripé que eu costumo usar para falar sobre a educação brasileira, que é: formação dos professores, gestão escolar e práticas de sala de aula. São os três caminhos para a mudança e são as três áreas que parecem problemáticas hoje. E o quarto item que acho que também transpareceu nesta série de reportagens é a questão do comprometimento. A gente vê que, infelizmente, certas escolas, até por estarem inseridas em zonas de dificuldade, acabam desistindo do aluno com uma rapidez muito grande. As escolas que dão certo são aquelas que têm um comprometimento até o fim com o sucesso do aprendizado do aluno.
Quantos estados não cumprem a lei que determina o piso salarial dos professores?
Na verdade, que eu saiba, são dois estados: o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que ainda questionam juridicamente a aplicação do piso. Mas eu confesso que não tenho grandes esperanças de que a aprovação e implementação do piso em todos os estados vá trazer grandes alterações no quadro da educação brasileira.
O que o público pode exigir dos governos e como fiscalizar o cumprimento destas exigências?
Eu acho que a exigência tem que ser por educação de qualidade. As pessoas confundem um pouco a educação com o ato de estar na escola. Mas só ocorre educação e escola só merece o nome de escola se seus alunos estão efetivamente aprendendo. Acho que uma métrica boa e confiável é justamente o Ideb. Não é um índice perfeito, tem problemas, mas é um índice bastante transparente. É um índice muito bom, que foca em aprendizagem e aprovação e que está disponível para todas as escolas do Brasil. Tem a consulta muito fácil no site do INEP e está reproduzido aqui no site do Jornal Nacional.
O que me parece um caminho positivo de mudança e mobilização é que todos os pais e alunos, em primeiro lugar, se informem sobre o Ideb de sua escola e, ao notar que tenha um valor baixo, eu diria que abaixo de 5, que procurem entender o porque do Ideb estar baixo. Procurem um canal de comunicação com a direção da escola, com os professores e se isso não for suficiente para gerar mudanças concretas, que levem adiante suas reclamações ao secretário municipal ou estadual de educação. Me parece bastante surpreendente que não tenha tido no Brasil, pelo que eu saiba, nenhuma mísera manifestação ou passeata exigindo melhorias da qualidade da educação. Nós temos muitos movimentos da parte dos professores pela melhoria das suas questões profissionais, mas não me recordo de ter visto uma manifestação popular pela qualidade e efetividade da educação brasileira. Acho que o primeiro passo é se familiarizar com o Ideb, cobrar da sua escola e não parar de cobrar até que o resultado mude e a situação melhore.
Quais situações das escolas chamaram mais atenção durante a produção da série?
Duas situações chamaram bastante atenção, por razões opostas. A primeira foi uma escola de Belém do Pará que tem um Ideb muito baixo e há um clima de confusão e abandono que é realmente assustador. Chega ao ponto de não só ter uma paralisação há um mês e meio das aulas terem sido retomadas após a última greve, como os alunos não serem nem notificados disso. Como se não bastasse os alunos perderem este dia de aula, muitos deles fizeram realmente o papel de bobo de ir até a escola e se defrontar com salas vazias e a ausência total de professores. E o outro caso que me chamou bastante atenção foi uma escola em Goiânia que nós visitamos na quinta-feira (19) que é um caso impressionante do poder de recuperação que uma equipe de professores e especialmente uma diretora comprometida com mudanças pode ter. Como nós falamos na reportagem, era uma escola que, quando a atual diretora assumiu o cargo, tinha apenas 67 alunos e estava em vias de ser fechada. Então, esta diretora assumiu e insistiu para que a equipe fosse trocada e que só ficassem professores comprometidos com o aprendizado do aluno. E num prazo relativamente curto, de oito anos ou até menos, essa equipe conseguiu fazer com que os alunos tivessem um índice de aprendizado compatível com o que existe hoje nos países desenvolvidos. Então uma mensagem de uma escola que traz bastante desesperança, mas por outro lado temperada pela realidade de uma escola que nos enche de esperança e orgulho. E também saber que sem precisar de recursos financeiros diferenciados, sem estar em bairro rico ou utilizar tecnologias diferentes, unicamente com a competência, talento e comprometimento da equipe pode-se gerar sim uma educação brasileira compatível com a dos países desenvolvidos.
Como aplicar melhor os recursos do Fundeb?
A minha sugestão de utilização do Fundeb é algo que eu venho chamando de implementação de uma lei da responsabilidade educacional. Seria fazer com que as verbas do fundo deixassem de ser transferidas para a as escolas de acordo com um critério de necessidade financeira e mais por um critério de melhoria daquela escola. O Fundeb é um mecanismo que tem como objetivo a recuperação de áreas de grande miséria, mas quando mantidos no longo prazo, acabam gerando um ciclo em que não há nenhum incentivo na melhoria da qualidade. Acho que precisamos inverter esta lógica e fazer com que estes recursos sejam direcionados aos gestores que estejam mostrando através de resultados concretos, que seria a melhoria no Ideb. As escolas que tivessem maiores saltos receberiam as verbas do Fundeb de forma proporcional ao salto que aquela escola deu. É uma proposta que algumas pessoas consideram um pouco radical e é um pouco diferente da cultura do pensamento da educação brasileira. Mas acho que é hora de nos darmos conta de que o pensamento que a gente nutre sobre a educação no Brasil tem gerado resultados praticamente catastróficos. Então é hora de pensar diferente.
O salário dos professores é fundamental para a qualidade da educação?
Minha área de pesquisa é a economia da educação, que não se baseia em teorias ou opiniões e sim em resultados de estudos reais, com bancos de dados de milhares de casos e estabelecendo relações através de metodologias sofisticadas de estatística e econometria. E o que estes estudos revelam e são centenas, tanto no Brasil quanto no exterior, é que o salário do professor não é uma variável estatisticamente significativa ou relevante na determinação do aprendizado dos alunos. A partir de um certo patamar de salário atingido, e acho que no Brasil já foi atingido desde a época do Fundef, mudanças salariais não tem se transformado em melhorias da qualidade da educação. Mesmo para quem não queira ler os estudos econométricos, pode reparar que desde 1995, os salários dos professores vêm em um movimento contínuo de aumento. E a qualidade da educação está basicamente estagnada. As notas do sistema de avaliação do ensino básico hoje são praticamente as mesmas ou até menores do que eram em 1995. Me parece que há uma literatura muito vasta que aponta uma série de medidas, algumas das quais gratuitas, que têm muito impacto sobre o aprendizado dos alunos, por exemplo: dever de casa, avaliação constante e acompanhamento, utilizar material didático, ter livros e biblioteca dentro da escola, ter uma aula interativa, etc. Há uma série de itens que tem muito pouco custo e resultado comprovado. Como política pública, o Brasil deveria estar mais preocupado em implantar medidas que tenhamos relativa certeza de que terão resultado e custo relativamente baixo do que continuar insistindo no caminho do aumento do salário dos professores, que até hoje não se mostrou efetivo nem na história recente da educação brasileira e nem na literatura especializada.
Quando se fala em aumento dos professores, as pessoas veem esta questão por dois lados. Um é aumentar os salários dos professores que estão na ativa hoje para que eles se sintam mais motivados e tenham resultados melhores. E a segunda é aumentar significativamente o salário dos professores para que um novo grupo de pessoas seja atraído à carreira. Pessoas mais qualificadas e que poderiam gerar este salto na educação brasileira. Quanto ao primeiro argumento, citando novamente os estudos, eles mostram que não há essa relação. E o problema de aprendizagem não é na maioria dos casos falta de motivação do professor, mas em muitos casos falta de preparo, formação adequada, sistemas de gestão que iriam conduzir a esta melhora. Já em relação a atração de novas pessoas vejo dois problemas com este raciocínio. O primeiro dizer que 2 milhões de professores, hoje na ativa não prestam e que não há nada que se possa fazer com eles para que tenham um rendimento melhor. Eu rejeito este argumento. Acho que os professores brasileiros têm bastante vontade de acertar e em vários casos estão fazendo um belo trabalho. E a partir do momento que tenham uma formação correta, o resultado vai melhorar.
É uma saída municipalizar a educação no Brasil?
Eu acredito que em termos de formato, a municipalização, principalmente das séries iniciais é o caminho correto. Mas não sou uma pessoa que acredita no formalismo da lei para mudar uma realidade social e política. Enquanto não houver comprometimento e preparo das pessoas que estão do lado de lá da sala de aula, ou seja, professores e diretores, e enquanto não existir demanda e exigência do lado de cá, dos pais e alunos, a situação vai continuar na inércia. O que fica claro é que esta falta de demanda por uma educação de qualidade faz com que haja uma acomodação muito grande das pessoas que estão do lado de lá: dos professores, diretores e especialmente das lideranças políticas. No Brasil, temos a cultura de que quando há um problema precisamos criar uma lei para resolvê-lo. Por exemplo, quando se criou a vinculação orçamentária, onde 18% do orçamento da União e 25% dos orçamentos de estados e municípios fossem gastos em educação, se imaginava que isso iria garantir para todo o sempre que não faltaria dinheiro para a educação. Mas o que acontece é que como não há uma demanda por educação de qualidade, esse dinheiro pode até estar sendo gasto em educação, mas não traz os resultados necessários. Me parece que um caminho indispensável para a melhoria é gerar a demanda por melhorias na qualidade da educação por parte do grande público
Link da matéria: http://g1.globo.com/platb/jnespecial/
Ensino médio é o que menos evoluiu no Brasil ao longo dos anos
Dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil, só 28% aprendem o conteúdo de português e apenas 11%, o de matemática. Mas, até 2016, ele será obrigatório para todos os adolescentes de até 17 anos.
O ensino médio, no Brasil, tem os maiores índices de abandono na comparação com outras etapas da educação. É o que Alan Severiano mostra na terceira reportagem da série que o Jornal Nacional exibe nesta semana. O sonho de virar advogada vai ter de esperar. Aos 17 anos e grávida de cinco meses, Polyana abandonou o segundo ano do ensino médio em uma escola do interior do Piauí: “Eu vou ter a criança e não vou poder sair toda hora pra amamentar”, conta. A notícia desapontou o pai, que só sabe escrever o nome, e a mãe, que parou na sexta série: “Tem que chegar mais longe do que a mãe conseguiu. Por mim, ela estaria na escola ainda”, diz a mãe de Polyana. Polyana contribui para uma estatística desanimadora no Brasil: a da evasão. De cada dez alunos que entram no primeiro ano do ensino fundamental, só metade conclui o ensino médio até 19 anos. E a estatística já leva em conta dois anos de atraso. Muitos começam faltando: em uma escola, 30% abandonaram a sala de aula no ano passado. “Chega aqui, tem dois, três professores, ou então tem as duas primeiras aulas, ai não tem a 3ª, 4ª, 5ª, ou então tem só a 3ª, a 4ª, a 5ª, esse aluno termina desistindo”, diz o diretor da escola, José Basílio. Lá, quem escreve no quadro, não é a professora. “Ela foi embora, deixou os alunos sem aula, sem nada. Ai eu assumi a responsabilidade, eu sou a líder da sala e assumi”, conta a aluna do primeiro ano do ensino médio Mariana Barbosa. Um mês depois do início das aulas, ainda faltavam seis professores para completar o quadro. “Já chegou o período de provas e os professores ainda não chegaram. O de química e o de informática”, afirma a aluna Ana Paula Oliveira. Os computadores, sem acesso à internet, passam o dia desligados. Nem na biblioteca é possível pesquisar. A preocupação de muitos é o vestibular. “Acho que não tem nem uma mínima possibilidade de competir com os outros alunos desse jeito”, conta Kananda Teixeira. O Piauí é o estado com o pior desempenho no ensino médio. Nota 3 no Ideb, o indicador de qualidade do Ministério da Educação. Ao chegar em uma escola da zona norte de Teresina, que tinha sido previamente avisada sobre a entrevista, a equipe foi surpreendida por uma reforma relâmpago que começou no próprio dia da visita. Ao todo, 17 homens foram contratados para limpar, pintar, trocar as telhas da escola. Até carteiras novas chegaram. “Disseram que vinha fazer uma reportagem e acharam melhor filmar mais limpinho desse jeito”, conta o mestre de obras Antonio Rodrigues Neto. Se a estrutura física pode ser remendada, o que de fato dá significado à escola talvez exija uma reforma mais complexa. “São aulas muito chatas, aulas que a gente prefere ficar fora da sala do que estar dentro assistindo”, explica Thomás de Aquino Neri, de 20 anos. De manhã, a maioria é jovem. À noite, adultos que trabalham. Como falar para turmas tão diferentes? “Tem toneladas de matérias que abordam de todos os assuntos possíveis. Não é todo mundo que precisa aprender tudo”, explica Ana Lucia Lima, diretora do Instituto Paulo Montenegro. “A gente percebe que nem todo mundo acompanha o raciocínio”, conta um professor. Dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil, só 28% aprendem o conteúdo de português e apenas 11%, o de matemática. “Tem coisas que eu não sei onde eu vou usar. E aí desestimula”, diz um aluno. O ensino médio é o que menos evoluiu no Brasil e tem os piores indicadores. Até 2016, ele será obrigatório para todos os adolescentes de até 17 anos. Isso significa que, além de melhorar a qualidade, as escolas terão de se preparar para receber mais gente. Se a lei fosse cumprida hoje, seria necessário criar três milhões de vagas. No Piauí, muitas escolas estão fechando turmas à noite, segundo o governo, por falta de procura. O ministro da Educação diz que o maior desafio para atrair os alunos é fazer com que os estados adotem um novo currículo. O atual, muito voltado para o vestibular, já foi substituído em 700 escolas. “Nós temos ainda um mal no Brasil que é o vestibular. Nós precisamos superar isso, ter um currículo mais enxuto, mais equilibrado, do ponto de vista das disciplinas, e que ofereça também perspectivas na direção da cultura e do trabalho”, diz Fernando Haddad. Quem está na escola tem pressa. O futuro depende de botar em prática uma palavra de nove letras. A Secretaria de Educação e Cultura do Piauí informou que ampliou a equipe de engenheiros e criou uma comissão de vistoria para melhorar a situação das escolas. Na semana passada, o Conselho Nacional de Educação aprovou novas diretrizes para o ensino médio, inclusive a flexibilização do currículo, citada pelo ministro Fernando Haddad na reportagem, e uma ampliação da carga horária. A palavra final nessas possíveis mudanças caberá ao ministério.
Reportagem do JORNAL NACIONAL
Link: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/05/ensino-medio-e-o-que-menos-evoluiu-no-brasil-ao-longo-dos-anos.html
O ensino médio, no Brasil, tem os maiores índices de abandono na comparação com outras etapas da educação. É o que Alan Severiano mostra na terceira reportagem da série que o Jornal Nacional exibe nesta semana. O sonho de virar advogada vai ter de esperar. Aos 17 anos e grávida de cinco meses, Polyana abandonou o segundo ano do ensino médio em uma escola do interior do Piauí: “Eu vou ter a criança e não vou poder sair toda hora pra amamentar”, conta. A notícia desapontou o pai, que só sabe escrever o nome, e a mãe, que parou na sexta série: “Tem que chegar mais longe do que a mãe conseguiu. Por mim, ela estaria na escola ainda”, diz a mãe de Polyana. Polyana contribui para uma estatística desanimadora no Brasil: a da evasão. De cada dez alunos que entram no primeiro ano do ensino fundamental, só metade conclui o ensino médio até 19 anos. E a estatística já leva em conta dois anos de atraso. Muitos começam faltando: em uma escola, 30% abandonaram a sala de aula no ano passado. “Chega aqui, tem dois, três professores, ou então tem as duas primeiras aulas, ai não tem a 3ª, 4ª, 5ª, ou então tem só a 3ª, a 4ª, a 5ª, esse aluno termina desistindo”, diz o diretor da escola, José Basílio. Lá, quem escreve no quadro, não é a professora. “Ela foi embora, deixou os alunos sem aula, sem nada. Ai eu assumi a responsabilidade, eu sou a líder da sala e assumi”, conta a aluna do primeiro ano do ensino médio Mariana Barbosa. Um mês depois do início das aulas, ainda faltavam seis professores para completar o quadro. “Já chegou o período de provas e os professores ainda não chegaram. O de química e o de informática”, afirma a aluna Ana Paula Oliveira. Os computadores, sem acesso à internet, passam o dia desligados. Nem na biblioteca é possível pesquisar. A preocupação de muitos é o vestibular. “Acho que não tem nem uma mínima possibilidade de competir com os outros alunos desse jeito”, conta Kananda Teixeira. O Piauí é o estado com o pior desempenho no ensino médio. Nota 3 no Ideb, o indicador de qualidade do Ministério da Educação. Ao chegar em uma escola da zona norte de Teresina, que tinha sido previamente avisada sobre a entrevista, a equipe foi surpreendida por uma reforma relâmpago que começou no próprio dia da visita. Ao todo, 17 homens foram contratados para limpar, pintar, trocar as telhas da escola. Até carteiras novas chegaram. “Disseram que vinha fazer uma reportagem e acharam melhor filmar mais limpinho desse jeito”, conta o mestre de obras Antonio Rodrigues Neto. Se a estrutura física pode ser remendada, o que de fato dá significado à escola talvez exija uma reforma mais complexa. “São aulas muito chatas, aulas que a gente prefere ficar fora da sala do que estar dentro assistindo”, explica Thomás de Aquino Neri, de 20 anos. De manhã, a maioria é jovem. À noite, adultos que trabalham. Como falar para turmas tão diferentes? “Tem toneladas de matérias que abordam de todos os assuntos possíveis. Não é todo mundo que precisa aprender tudo”, explica Ana Lucia Lima, diretora do Instituto Paulo Montenegro. “A gente percebe que nem todo mundo acompanha o raciocínio”, conta um professor. Dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil, só 28% aprendem o conteúdo de português e apenas 11%, o de matemática. “Tem coisas que eu não sei onde eu vou usar. E aí desestimula”, diz um aluno. O ensino médio é o que menos evoluiu no Brasil e tem os piores indicadores. Até 2016, ele será obrigatório para todos os adolescentes de até 17 anos. Isso significa que, além de melhorar a qualidade, as escolas terão de se preparar para receber mais gente. Se a lei fosse cumprida hoje, seria necessário criar três milhões de vagas. No Piauí, muitas escolas estão fechando turmas à noite, segundo o governo, por falta de procura. O ministro da Educação diz que o maior desafio para atrair os alunos é fazer com que os estados adotem um novo currículo. O atual, muito voltado para o vestibular, já foi substituído em 700 escolas. “Nós temos ainda um mal no Brasil que é o vestibular. Nós precisamos superar isso, ter um currículo mais enxuto, mais equilibrado, do ponto de vista das disciplinas, e que ofereça também perspectivas na direção da cultura e do trabalho”, diz Fernando Haddad. Quem está na escola tem pressa. O futuro depende de botar em prática uma palavra de nove letras. A Secretaria de Educação e Cultura do Piauí informou que ampliou a equipe de engenheiros e criou uma comissão de vistoria para melhorar a situação das escolas. Na semana passada, o Conselho Nacional de Educação aprovou novas diretrizes para o ensino médio, inclusive a flexibilização do currículo, citada pelo ministro Fernando Haddad na reportagem, e uma ampliação da carga horária. A palavra final nessas possíveis mudanças caberá ao ministério.
Reportagem do JORNAL NACIONAL
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segunda-feira, 23 de maio de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Maria Eduarda: Princesinha da Família
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